quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A economia europeia vai mal, mas a latino-americana não vai bem; não temos nada para comemorar nesse contexto, em face dos riscos de sacrifício de direitos sociais

Apesar do esforço e criatividade das autoridades governamentais europeias, a economia dos países do Velho Continente vai mal. O empenho das nações em reduzir a taxa de desemprego e na criação de novas vagas (a Espanha, por exemplo, chegou a conceder anistia indireta às empresas, meses atrás, reduzindo ostensivamente a ações dos agentes de inspeção do trabalho para permitir que os empregados fossem regularizados), em estimular o consumo interno, em aplicar duros ajustes para reduzir o deficit público (tais como redução dos vencimentos dos funcionários públicos e o congelamento das pensões), mas tudo isso não tem gerado resultados satisfatórios.
É de fácil constatação que as finanças não só da Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e Chipre estão à beira de um colapso (expressão dura porém cabível no quadro geral). 
Na França, já há sinais de que não vai permanecer oculto por muito mais tempo o fato de que sua economia apresenta status de crise.
Segundo o jornal espanhol El País de ontem (16), a crise da dívida soberana golpeia a pelo menos 12 países da zona do euro; estando de fora desse aperto somente a Alemanha – cuja economia vem suportando herculeamente os resultados apenas sofríveis alcançados pela média pelos países da UE – seguida de Luxemburgo, Holanda, Finlândia e Estônia.
No Reino Unido os cidadãos já foram alertados “para uma lenta e dolorosa deterioração no mercado de trabalho” (a taxa de desemprego lá está em 7,9%), diante da incerteza econômica mundial – dizia o periódico The Guardian dois dias antes (14), apoiado em estudos do CIPD (Chartered Institute of Personnel and Development), que apontou em relatório problemas da área de RH, cujas conclusões foram atacadas por membros do Governo inglês. Responderam mas não convenceram.
Na América Latina as coisas não vão tão bem como relatam os líderes populistas continentais. Argentina e Venezuela estão com taxas altíssimas de inflação – acima dos 20% –, puxando uma corrente de países cujos preços ao consumidor estão elevados (v.g., Paraguai, Uruguai, Bolívia e República Dominicana) e outros em situação bem melhor – embora não tranquila – como Brasil, Equador, Peru, México e Panamá.
Nossos técnicos e o Governo devem demonstrar maturidade e sensatez nesse momento. É de toda conveniência que prestem muita atenção ao movimento financeiro no continente europeu e nos Estados Unidos e executem uma criteriosa administração das riquezas nacionais. Nenhuma economia do mundo conseguiu blindar-se contra os reflexos da crise que eclodiu em 2008 e resiste a sair de cena, desafiando os teóricos e os práticos da economia.
Como revelou ontem o jornal eletrônico do Terra, baseado em pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FVG) em parceria com o Instituto IFO, o “Índice de Clima Econômico” (ICE) da América Latina recuou de 5,6 para 4,4 pontos no último quadrimestre. É pertinente destacar que sobreveio um fator negativo na última pesquisa: o componente otimismo entre nós recuou de 5,3 para 3,5 pontos no mesmo período. É o sinal amarelo piscando.
Também é preocupante a conclusão da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) – divulgada ontem no seu sítio oficial – que o número de postos de trabalho extintos no setor, no mês de outubro, chegou a 18 mil – o pior resultado desse mês desde  2006, quando a série estatística começou a ser apurada. Assim se expressou Walter Sacca, diretor-adjunto do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da FIESP: “Até o fim do ano, os 80 mil empregos que foram criados até agora pela indústria no estado de São Paulo provavelmente serão anulados, haverá uma redução dessa ordem de grandeza. De acordo com a previsão da Fiesp, metade acontecerá na indústria de açúcar e álcool e a outra metade na indústria de transformação” (www.fiesp.com.br).

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