quarta-feira, 18 de abril de 2012

AFINAL O QUE SE PASSA COM A ECONOMIA BRASILEIRA? O QUE O GOVERNO ESTÁ ESCONDENDO DE NÓS?

Como todos sabem, a ciência econômica não é a “praia” dos juristas e juslaboralistas, mas para entender o que vem ocorrendo com esses índices – que afetam o mercado de trabalho – não precisa ser economista. Prestar atenção ao que os doutos dizem e escrevem é um meio seguro de nos posicionarmos diante do evento para saber se temos efetivamente um problema ou que se trata apenas de um acidente de percurso no gerenciamento dos fatores condicionantes da atividade econômica.
Foto: jornale.com.br
Creio ser cartesiano. Logo, se algo no contexto apresentado não faz sentido para mim ou se os fatos que conheço contrariam o que estão dizendo as autoridades responsáveis pela condução da economia no País, duvido.
Por exemplo: anteontem (16), às 20:37h, o site do Governo (www.planalto.gov.br) divulgou a notícia de que no mês de março de 2012 o Brasil criou 111.746 empregos formais, ou seja, “mais 20,6% de empregos com carteira assinada”, diz a nota ufanista do Palácio do Planalto. Todavia, antes disso (às 13:36h) o site da Agência Brasil revelara que a “criação de empregos diminuiu 25,8% em março”. A propósito: ambas as agências utilizaram a mesma fonte: o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Qual das duas agências não foi fiel aos fatos?
Como sei que outros índices da economia brasileira não estão bem (exemplos:o PIB de 2,7% em 2011; o Índice de Atividade Econômica do BC recuou 0,23% em fevereiro, mantendo-se ruim; o Índice de Inadimplência do Consumidor apurado pelo SERASA-Experian subiu 4,9% em março; o IPC de 4,38% acumulado no ano permaneceu alto) aprofundei o exame dos acontecimentos e cheguei à conclusão de que os dados da Agência Brasil estão corretos. No trimestre janeiro/março de 2012 o número de empregos criados no País foi 442.608, enquanto que, no mesmo período de 2011, foram criados 583.886 postos de trabalho, quer dizer, no primeiro trimestre deste ano houve, na verdade, redução de 24,1% na criação de empregos... A agência do Governo comparou março de 2012 com março de 2011 para divulgar um bom resultado.
Recordo-me de ter lido no Diário do Comércio de Minas Gerais (25.1.2012) que, de janeiro a novembro do ano passado, a Petrobrás teve um prejuízo de 7 bilhões de reais por vender gasolina abaixo do preço do mercado internacional. Todavia, os preços dos combustíveis, embora desatualizados, continuaram altos. O que está por trás dessa atitude nada capitalista da nossa gigante petrolífera?
Percebo que especialistas ingleses têm manifestado opiniões a respeito da nossa situação econômica, ora em tom cético, ora em termos irônicos. Em janeiro deste ano, The Economist publicou duas reportagens sobre o Brasil intituladas “A mão invisível” e “Capitalismo de Estado brasileiro é ambíguo” (fonte: BBC Brasil) nas quais faz comparações de nossas práticas mercadológicas e fiscais com a realidade do capitalismo de Estado a exemplo da China e Rússia e outros dois ou três países.
Foto: manager magazin online
Os alemães já se juntaram aos britânicos nessa tarefa. O Jornal do Brasil do dia 4 deste mês mexericou que a Primeira Ministra Angela Merkel deu uma reprimenda na Presidente Dilma Rousseff a respeito da sua postura de culpar os países desenvolvidos pelo momento que estamos atravessando. A chanceler alemã teria dito à imprensa europeia que a Presidente Dilma Rousseff portou-se com arrogância em seu país e que ela “antes de vir aqui (Alemanha) reclamar das nossas políticas econômicas, por que ela não diminui os gastos do governo dela e diminui os juros que são exorbitantes no Brasil?”. E concluiu: “Se eu posso emprestar dinheiro a juros baixos e o meu povo pode ganhar juros absurdos lá no país dela, não vou ser eu que direi ao meu povo que não faça isso!” (A fonte indicada pelo jornal carioca foi o site www.manager-magazin.de).
Faz dois dias, o grupo dos críticos do nosso capitalismo aumentou porque aos ingleses e alemães juntaram-se os norte-americanos. The Wall Street Journal lançou no site online.wsj.com o artigo “O que está por trás do crescimento lento do Brasil?”. A matéria assinada pela jornalista especializada Mary A. O’Grady começa assim: “Junto com a Rússia, a Índia e a China, o Brasil deveria ser um dos tigres econômicos do século 21. Então como é que cresceu meros 2,7% ano passado?”. E, retomando o assunto da postura internacional da nossa Presidente de acusar países da Europa e os Estados Unidos pelos nossos problemas econômicos atuais, ela explica que “quando os investidores apostam pesado em ativos brasileiros lucrativos, a cotação do real sobe...” e faz uma previsão nada tranquilizadora: “Uma bolha pode estar se formando e ela pode estourar se a produção brasileira não for lucrativa a preços menores” – isso me preocupa deveras.
Adrian Wooldridge, economista e gerente-editor da revista The Economist, alerta também para a circunstância de os modelos de capitalismo conduzido pelos governos do tipo China (o estado maior acionista direto de empresas do país), Rússia (com 62% de empresas estatais atuando no mercado interno) e Brasil (com quase 40% de empresas estatais agindo nos mais variados setores da economia nacional) criam um ambiente favorável ao nepotismo e à corrupção.
Pode não ser pelas razões explicadas por Wooldridge, mas o Brasil obteve nota 4 (69º lugar no ranking), China 3,5 (78º lugar) e Rússia 2,7 (154º lugar), no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional (TI) na última apuração (2010), sendo certo que esse índice varia de 0 (mais corrupto) a 10 (menos corrupto). Esse é mais um desafio para a Presidente Dilma Rousseff.
Pela importância que o Brasil alcançou no concerto das nações, o nosso povo – que tem prestigiado a Presidente com elevados índices de popularidade – merece mais fidelidade e respeito do Governo Federal. Esconder erros é ato de infidelidade e enganar-nos é produto de desrespeito.

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