O Instituto Paulo Montenegro, associação que desenvolve ações
em prol da melhoria da qualidade do ensino no Brasil, e a Ong Ação Educativa, divulgaram
os últimos resultados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), pesquisa que
vem sendo realizada desde o biênio 2001-2002.
Essa interessante e útil análise afere as capacidades humanas
de letramento (desenvoltura na
leitura e escrita) e numeração (habilidade
no trato das matemáticas) de pessoas residentes nas zonas urbana e rural do
país, com idade entre 15 e 64 anos.
A metodologia adotada é a entrevista domiciliar e os
instrumentos de mensuração são questionários e testes.
Esse estudo está baseado no
conceito de alfabetizado funcional da
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). É
considerado alfabetizado funcional quem “é
capaz de utilizar a leitura e escrita e tem habilidades matemáticas para fazer
frente às demandas do seu contexto social e utilizá-las para continuar
aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida”, esclarece o site do Instituto.
“De acordo com o estudo, a chegada dos mais
pobres ao sistema de ensino não foi acompanhada dos devidos investimentos para
garantir mais condições adequadas de aprendizagem”. (AMANDA CIEGLINSKI, Agência Brasil)
Os resultados do Inaf 2001-2002 a 2011-2012 revelaram alguns dados que merecem comemoração, entretanto destacaram índices que suscitam sérias dúvidas a respeito do sucesso que o Ministério da Educação (MEC) e alguns
professores alinhados garantem ter alcançado no seu desempenho.
No período investigado, o índice de analfabetos funcionais
caiu de 12% para 6% e o de alfabetizados em nível rudimentar caiu de 27% para
21%, porém – aí vai um dado ruim – entre os alfabetizados plenos (pessoas cujas
habilidades não mais impõem restrições para compreender e interpretar textos e
resolvem problemas de matemática como percentuais, proporções e cálculo de
área, bem como interpretam tabelas de dupla entrada, mapas e gráficos) o índice estagnou em 26%.
“Para os educadores, a situação é reflexo
de uma opção do Ministério da Educação (...) em aprovar o
aluno para reduzir os índices de evasão em vez de se preocupar com má
qualidade e efetividade do aprendizado” (ANNA SIMAS, da Gazeta do Povo, PR)
A análise que acompanha os resultados da pesquisa, conclui
então que “o Brasil já avançou,
principalmente nos níveis iniciais do alfabetismo, mas não conseguiu progressos
visíveis no alcance do pleno domínio de habilidades que são hoje condição
imprescindível para inserção plena na sociedade letrada”. Na verdade, os
profissionais saídos dos bancos escolares do ensino básico e superior não estão aptos
a suprir o mercado de trabalho em termos de qualificação.
Infere-se também desses estudos que “somente 62% das pessoas com ensino superior e 35% das pessoas com
ensino médio completo são classificadas como plenamente alfabetizadas”,
alerta-nos a análise que acompanha os dados divulgados.
A minha conclusão a
respeito é a mesma do Instituto, porque tanto no grupo dos alfabetizados em nível básico quanto no grupo alfabetizados em nível pleno a proporção de 2011-2012 é inferior ao
observado em 2001-2002.
O mercado de trabalho está cada dia mais exigente na seleção
dos profissionais, em face especialmente dos avanços da tecnologia, do chamado
Custo Brasil e dos complexos métodos de produção industrial e sofisticação do setor de
serviços.
Vê-se que na educação, o Brasil desperdiçou os últimos onze anos,
talvez porque nesse tempo estiveram à frente da pasta: Paulo Renato de
Souza (político), Cristovam Buarque (educador e político), Tarso Genro
(político), Fernando Hadad (político) e Aloizio Mercadante (político).
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