sábado, 26 de setembro de 2015

QUE PARCELA DE RESPONSABILIDADE TÊM OS EMPREGADOS DA VOLKSWAGEN NA FRAUDE DOS AUTOMÓVEIS A DIESEL?

Antes de mais nada vamos reportar o que aconteceu com determinados veículos da marca Volkswagen vendidos nos Estados Unidos da América. Em resumo, trata-se do seguinte: as autoridades norte-americanas encarregadas do controle da poluição ambiental causada por veículos automotores, desconfiadas dos resultados excelentes apresentados por automóveis dessa montadora em testes de redução de poluentes, realizados em laboratório por uma entidade não governamental, se interessaram pelo “sucesso” de alguns modelos da VW nesses testes, e decidiram investigar. Diga-se de passagem, que nos testes realizados em estradas os resultados não foram os mesmos.

Os técnicos de Tio Sam descobriram que a montadora desenvolveu um sofisticado software capaz de reduzir drasticamente os níveis de poluição causados pelo escapamento de gazes da combustão – tais como benzeno, metano, monóxido de carbono, dióxido de carbono, dióxido de enxofre entre outros – prejudiciais à saúde e ao meio ambiente que foi instalado em modelos da montadora que circulam em território norte-americano.

E descobriram mais: quando algum instrumento de medição da poluição é conectado ao cano de descarga do veículo, o sistema é ligado automaticamente e a saída desses gazes é reduzida. Ao ser removido o medidor de poluição, o programa reativa o software e o motor volta a ter o rendimento que a montadora promete aos consumidores, contudo poluindo o ambiente entre 10 e 40 vezes mais do que o revelado nos testes em laboratório.

Sem dúvida, é um sistema inteligente, mas escandalosamente fraudulento.

Essa falcatrua envergonhou não apenas a cúpula da VW na Europa, continente onde também foram vendidos carros com esse dispositivo, como do mesmo modo autoridades germânicas (o ministro dos Transportes imediatamente nomeou uma comissão de inquérito para passar isso a limpo) e, obviamente, estadunidenses. O gigantesco grupo alemão estima que cerca de 11 milhões de veículos dos modelos Audi, Passat, Jetta e Beetle foram equipados com esse dispositivo e rodam pelo mundo a fora.

Voltando ao título. É óbvio que sobre as chefias, em seus diversos níveis, recai a responsabilidade pelo comportamento da mão de obra empregada na montagem dos veículos. Esse embaraço já causou inclusive a demissão imediata do Presidente da montadora, Martin Winterkorn, que, ao sair, declarou estar chocado com a magnitude do “erro cometido” pela montadora.

Assim, não se deve descartar de pronto a possibilidade de haver operários envolvidos nessa fraude, especialmente gente do setor de engenharia da montadora – tanto os que trajam macacão da Volkswagen quanto os das terceirizadas fornecedoras de peças.

Em se apurando a participação de trabalhadores das plantas de onde saíram os carros “ecologicamente corretos” por estarem equipados com esse software capaz de manipular escapes eles também assumirão culpa pela fraude praticada; aliás, esse é um tipo de fraude que somente pode ser praticada em grupo.

Quando à parcela de responsabilidade de cada um nessa malfadada aventura empresarial, ela certamente será apurada, a punição será severa, de acordo com a eventual participação de maior ou menor importância de empregado da Volkswagen. É esperar para ver.

Os fortes sindicatos alemães da categoria ainda não se manifestaram a esse respeito, porém esse silêncio não vai demorar a ser quebrado, porque o sistema legal trabalhista alemão dá ênfase ao direito coletivo e as convenções trabalhistas são cuidadosamente elaboradas e muito prestigiadas na jurisprudência da justiça trabalhista do país.

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