sábado, 17 de janeiro de 2015

Conflitos trabalhistas na China. Cena déjà vu


Desde 2011 algumas lideranças sindicais e milhares de trabalhadores chineses realizam manifestações nas fábricas e ruas de cidades dos distritos fabris contra a falta de leis protetoras. 

São greves contra cortes salariais, atraso no pagamento dos salários, pensões e seguro-desemprego. Coisa nunca vista antes - para muitos cena inimaginável mesmo - vem acontecendo desde então em alguns centros produtivos. 

Podemos concluir que isso talvez seja resultado do sucesso do crescimento do "capitalismo" chinês no cenário mundial, hipótese esta aliás mencionada pela Esquerda Marxista (organização política que é o braço brasileiro da Corrente Marxista Internacional), na matéria títulada "China: crescentes greves, corrupção e dívida são os arautos da próxima Revolução" (em www.marxismo.org.br).

Isso nos lembra os graves acontecimentos ocorridos na Europa e nos Estados Unidos da América, no final do século XIX, quando trabalhadores e ativistas foram aprisionados (em alguns países muitos deles foram mortos) durante repressão aos movimentos reivindicativos de melhores condições de trabalho. Fábricas e outros estabelecimentos foram queimados, máquinas e produtos destruídos e trabalhadores mortos, feridos ou presos foram cenas vistas com frequência nos primeiros momentos da luta dos sindicalistas contra as autoridades encarregadas da ordem pública na Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Estados Unidos pelo o completo abandono dos trabalhadores.

Esses movimentos trabalhistas coincidem, em termos temporais, com a criação dos sindicatos de trabalhadores (proibidos de existir em todo o mundo até fins do século XVIII), elemento que não só uniu os operários, criando com essa associação, laços mais profundos entre eles, como também fortaleceu os movimentos reivindicatórios ao atrair lideranças comprometidas com os destinos dos trabalhadores.

Voltando à China. Uma série de greves - só em 2014 houve cerca de 1300 greves no país - vem acontecendo em centros industriais chineses lideradas por trabalhadores saídos das áreas rurais forçados pela falta de trabalho e condições miseráveis de vida e atraídos pelo bum desenvolvimentista das indústrias chinesas desde a última década dos anos de 1900. Um desses líderes é Zhou Shoufang, 59, lider dos trabalhadores de uma fábrica de brinquedos, enquanto Zhou Yongkang, empregado do estado, alerta a nova elite chinesa e a burocracia estatal para a necessidade de estabelecerem um regime de gestão capaz de enfrentar os movimentos trabalhistas que se multiplicam na China. 

No mesmo diapasão matéria veiculada pelo The Wall Street Journal (em www.stj.com) que destaca palavras do operário Cao Zhanping, 40, ponderando que "a sociedade deve tomar cuidado com as pessoas que trabalham duro" e sem garantias trabalhistas e previdenciárias - acrescentamos.

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