quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Pesquisa sobre alfabetismo funcional revela deficiências do sistema de ensino brasileiro nos últimos onze anos

O Instituto Paulo Montenegro, associação que desenvolve ações em prol da melhoria da qualidade do ensino no Brasil, e a Ong Ação Educativa, divulgaram os últimos resultados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), pesquisa que vem sendo realizada desde o biênio 2001-2002.

Essa interessante e útil análise afere as capacidades humanas de letramento (desenvoltura na leitura e escrita) e numeração (habilidade no trato das matemáticas) de pessoas residentes nas zonas urbana e rural do país, com idade entre 15 e 64 anos.

A metodologia adotada é a entrevista domiciliar e os instrumentos de mensuração são questionários e testes.

Esse estudo está baseado no conceito de alfabetizado funcional da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). É considerado alfabetizado funcional quem “é capaz de utilizar a leitura e escrita e tem habilidades matemáticas para fazer frente às demandas do seu contexto social e utilizá-las para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida”, esclarece o site do Instituto.
“De acordo com o estudo, a chegada dos mais pobres ao sistema de ensino não foi acompanhada dos devidos investimentos para garantir mais condições adequadas de aprendizagem”. (AMANDA CIEGLINSKI, Agência Brasil)
Os resultados do Inaf 2001-2002 a 2011-2012 revelaram alguns dados que merecem comemoração, entretanto destacaram índices que suscitam sérias dúvidas a respeito do sucesso que o Ministério da Educação (MEC) e alguns professores alinhados garantem ter alcançado no seu desempenho.

No período investigado, o índice de analfabetos funcionais caiu de 12% para 6% e o de alfabetizados em nível rudimentar caiu de 27% para 21%, porém – aí vai um dado ruim – entre os alfabetizados plenos (pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para compreender e interpretar textos e resolvem problemas de matemática como percentuais, proporções e cálculo de área, bem como interpretam tabelas de dupla entrada, mapas e gráficos)  o índice estagnou em 26%.
“Para os educadores, a situação é reflexo de uma opção do Ministério da Educação (...) em aprovar o aluno para reduzir os índices de evasão em vez de se preocupar com má qualidade e efetividade do aprendizado” (ANNA SIMAS, da Gazeta do Povo, PR)
A análise que acompanha os resultados da pesquisa, conclui então que “o Brasil já avançou, principalmente nos níveis iniciais do alfabetismo, mas não conseguiu progressos visíveis no alcance do pleno domínio de habilidades que são hoje condição imprescindível para inserção plena na sociedade letrada”. Na verdade, os profissionais saídos dos bancos escolares do ensino básico e superior não estão aptos a suprir o mercado de trabalho em termos de qualificação.

Infere-se também desses estudos que “somente 62% das pessoas com ensino superior e 35% das pessoas com ensino médio completo são classificadas como plenamente alfabetizadas”, alerta-nos a análise que acompanha os dados divulgados.

A minha conclusão a respeito é a mesma do Instituto, porque tanto no grupo dos alfabetizados em nível básico quanto no grupo alfabetizados em nível pleno a proporção de 2011-2012 é inferior ao observado em 2001-2002.

O mercado de trabalho está cada dia mais exigente na seleção dos profissionais, em face especialmente dos avanços da tecnologia, do chamado Custo Brasil e dos complexos métodos de produção industrial e sofisticação do setor de serviços.

Vê-se que na educação, o Brasil desperdiçou os últimos onze anos, talvez porque nesse tempo estiveram à frente da pasta: Paulo Renato de Souza (político), Cristovam Buarque (educador e político), Tarso Genro (político), Fernando Hadad (político) e Aloizio Mercadante (político). 

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